NO HUAMBO, A VIDA NÃO SE FAZ NO MUNICÍPIO DA TCHICALA TCHOLOANGA

 


O município da Tchicala Tcholoanga, que no tempo colonial denominava-se Vila Nova, está longe de corresponder ao slogan governamental «A vida faz-se nos municípios». A vida tem-se esvaindo aos poucos naquelas paragens.


Em 21 anos de paz efectiva, esperava-se que o fim da guerra servisse de mola impulsionadora para o desenvolvimento desta localidade, que dista 45 km da cidade capital do Planalto Central.


Os vários projectos governamentais gizados para município não conseguiram interver o marasmo económico e social, por razões sobejamente conhecidas, algumas das quais relativas à corrupção, actos de improbidade, incumprimentos das obras contratuais e falta de pagamentos aos empreteiros. 



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«O Programa de Investimentos Públicos foi um fracasso e o PIIM produziu alguma coisa, mas não o suficiente para dar outra vida ao nosso município», diz um professor local, que, por razões óbvias, pediu para não ser identificado. 


À entrada da Tchicala Tcholoanga, do lado direito, junto à linha férrea que corre em direcção à província do Bié, há enormes silos que, no passado colonial, serviram para armazenar o milho produzido nessa região potencialmente agrícola. 


A estação ferroviária só ganha alguma vitalidade  às segundas e quintas-feiras quando, por lá, passa o comboio que liga Benguela ao Luau, na província do Moxico.


Hoje, os grandes reservatórios das gramíneas estão votados ao abandono, sem nenhuma utilidade para os comboios do Caminho-de-ferro de Benguela (CFB), que lá abasteciam os seus vagões de milho, a fim de transportá-los para os diversos pontos do país.


O município é um dos 11 que compõem a província do Huambo. A sede do município, à semelhança das três comunas que o compõem, nomeadamente o Sambo, Samboto e M´bave, não dispõe de energia eléctrica da rede pública nem de água corrente.


Apesar de a Tchicala Tcholoanga ser o berço de grandes rios, nomeadamente o Queve, Cutato, Cunene, Cuando e Cubango, estes últimos três transfronteiriços, o município não tem uma albufeira, vivendo praticamente às escuras e às apalpadelas.  


A pequena localidade, que tem 4 ou 5 ruas asfaltadas, incluindo a EN 252 que liga ao Bié, recebe a energia de fontes térmicas; de dois potentes geradores, que “consomem muito gasóleo”, segundo foi possível apurar no local. Os geradores funcionam à vez e são desligados antes das 22 horas, «para economizar o gasóleo», diz a fonte.


Por incrível que possa parecer, vinte um anos depois do fim da guerra, o município não dispõe de uma única agência bancária, «nem sequer do conhecido banco dos “pobres”, o  BPC», ironiza o professor do Liceu Candumbo, que temos vindo a citar: «Nós, os professores, e demais funcionários que temos os salários bancarizados, temos de nos deslocar a outros municípios para movimentar o nosso dinheiro». 


As ligações por terra entre a sede municipal e as suas comunas são bastante difíceis, para não dizer diabólicas. A ligação entre o Sambo e Samboto está cortada desde 2018 devido à ruptura de uma ponte sobre o rio Cunene, pelo que a travessia faz-se por canoa ou carro, num dos pontos de menor correnteza desse rio. As estradas entre as comunas estão em péssimas condições, salpicadas de buracos e, quando chove, quase que intransitáveis.

 

Solya Selende, representante do PRS na província do Huambo, não esconde a sua insatisfação contra a actual governação, que, segundo ele, tem sido incapaz de «melhorar as condições de vida das populações do Huambo».


Ilídio Manuel


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