Na investidura do novo ministro do Turismo, segunda-feira, em Luanda, o Presidente da República, João Lourenço, pediu-lhe “um diagnóstico sobre os obstáculos que impedem a atracção de um maior fluxo de turistas no país”.
A Márcio Daniel, o novo ministro, o Presidente da República espera que “primeiro faça um diagnóstico para descobrir, por que razão é que, com todas as condições que a Angola tem, não conseguimos ainda verdadeiramente atrair turistas para o nosso país”.
João Lourenço sugeriu que “os esforços empreendidos (pelo seu Executivo) para melhorar o ambiente de negócios” e o facto de Angola isentar cidadãos de mais de 90 países de vistos de entrada no seu território deveriam ser suficientes para transformar o nosso país na meca mundial do turismo.
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A incredulidade do Presidente da República tem explicação: ele não tem a menor noção do país que (des)governa.
Com uma significativa parte do seu tempo tomado em viagens aéreas, João Lourenço, muito provavelmente, não sabe, por exemplo, que em terra firme a Polícia Nacional não permite, sequer, que um turista estrangeiro fotografe qualquer monumento ou registe qualquer momento de que pretenda guardar.
Muito desfasado da realidade, o Presidente da República seguramente desconhece que em Angola até mesmo cidadãos nacionais de pele branca que viagem por estrada são tratados como estrangeiros e, por isso, sujeitos aos mesmos constrangimentos por que passam turistas estrangeiros, ou seja, obrigados a deixar “cair” alguma coisa em todos os postos policiais por onde passam.
De costas viradas para o país real, o Presidente da República imagina uma Angola com uma estrutura hoteleira robusta, preços de hotéis competitivos e uma moeda que não desliza diariamente.
Muito educado, Márcio Daniel jamais faria isso, mas em face do pedido do Presidente, qualquer outro cidadão menos tolerante com a ignorância alheia tê-lo-ia mandado alisar pelos de macacos.
Em tudo na vida há limites.
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