TURISMO NÃO TEM FUTURO EM PAÍSES COM MÁ FAMA



Turistas americanos e europeus podem ajudar a melhorar ou prejudicar a imagem do país. Os nossos governantes já imaginaram a cobertura sensacionalista da BBC & CNN caso turistas americanos e europeus sejam atacados ou sequestrados em Angola?


Não vamos brincar com coisas sérias, e não podemos falar de turismo sem antes discutirmos o clima de insegurança existente no País. Um incidente com turistas americanos e/ou europeus iria prejudicar ainda mais a imagem de Angola. Não estou a ser pessimista, gosto de ser realista. Em caso de incidentes com turistas provenientes de alguns países ocidentais consigo fazer uma previsão sobre o estilo de cobertura e que tipo de transmissão em directo será feito.

O turismo pode ainda piorar a imagem do país. A BBC iria adoptar um tom mais analítico e abrangente, enquanto a CNN iria usar uma abordagem mais imediata e contínua, com ênfase na cobertura ao vivo cujo objectivo é o impacto emocional, buscando entrevistas exclusivas com familiares, amigos das vítimas, e analistas de segurança, oferecendo uma perspectiva mais emocional e pessoal do incidente.

Agora, vamos falar entre nós…

Recentemente, observamos um esforço crescente por parte de um país muito mal encarado, e com má fama querer atrair turistas, com a intenção clara de melhorar a sua imagem no mundo. Este país, frequentemente associado a problemas como corrupção, violência, instabilidade política e violações dos direitos humanos, está a levar a cabo de forma tímida uma campanha de marketing turístico na esperança de melhorar a reputação do país. Mas será que essa estratégia é suficiente para mudar a percepção internacional e, mais importante, resolver os problemas internos que originaram essa má fama?



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Em primeiro lugar, é importante reconhecer que o turismo pode, de fato, ter um impacto positivo em países com má fama. A chegada de turistas pode gerar empregos, impulsionar a economia local e promover um intercâmbio cultural que ajuda a derrubar estereótipos e preconceitos. Quando turistas visitam esses países e retornam com relatos positivos das suas experiências, isso pode ajudar a construir uma nova narrativa, mais favorável, sobre o destino em questão.

No entanto, confiar apenas no turismo para resolver questões profundas e sistémicas é uma abordagem superficial. Países que desejam realmente melhorar sua imagem precisam de enfrentar os problemas que mancham a sua reputação. Isso inclui combater a corrupção, garantir a segurança pública, promover os direitos humanos e estabilizar a política interna. Sem essas medidas, qualquer sucesso obtido através do turismo será temporário e superficial.

Por outro lado, a segurança dos turistas deve ser uma prioridade absoluta. Países com má fama frequentemente carregam estigmas de serem inseguros, e qualquer incidente envolvendo turistas pode ter um impacto devastador e negativo na imagem do país. Investir em infra-estrutura de segurança, treinar adequadamente a polícia e criar políticas de protecção ao turista são passos essenciais para garantir que os visitantes tenham uma experiência segura e agradável.

Outro ponto crucial é a transparência nas campanhas de marketing turístico. Alguns países tentam disfarçar ou omitir problemas significativos nas suas campanhas, o que pode ser visto como desonesto e causar mais danos à reputação no longo prazo. A honestidade e a transparência, destacando os aspectos positivos e os esforços genuínos para resolver os problemas, podem criar uma relação de confiança com os turistas potenciais.

Além disso, o engajamento da população local é vital. O turismo sustentável depende não apenas da infra-estrutura e das belezas naturais, mas também da receptividade e hospitalidade dos residentes. Programas que incentivem a comunidade local a se envolver e se beneficiar directamente do turismo podem contribuir para uma experiência mais autêntica e positiva para os visitantes, além de gerar um sentimento de pertença e orgulho entre os locais.

Em conclusão, atrair turistas pode ser uma peça importante na estratégia de um país para melhorar a sua imagem, mas não deve ser vista como a solução completa. Reformas internas genuínas, focadas em resolver os problemas estruturais e sistémicos, são essenciais para construir uma reputação sólida e positiva no cenário internacional. Apenas com um esforço coordenado e multifacetado, um país com má fama pode transformar-se em um destino desejável e respeitado no mundo.

Folha 8

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