Tulinabo contra audiência entre Biden e sociedade civil



Desde o anúncio da visita do Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, a Luanda, prevista para o próximo mês de outubro, a embaixada norte-americana em Angola tem recebido diversas cartas de ONGs e indivíduos solicitando que o embaixador Tulinabo S. Mushingi inclua na agenda um encontro entre o estadista e membros da sociedade civil. As cartas destacam, em particular, a importância de Biden se reunir com familiares de vítimas de perseguição e repressão por parte do regime do Presidente João Lourenço.


Apesar da crescente pressão, o embaixador Tulinabo S. Mushingi é a entidade que mais se revela contrária a uma iniciativa do gênero, apesar de haver diplomatas, da linha do adido político Benjamin Medina, que se mostram mais compreensíveis aos pedidos feitos pelas ONGs. Fora do embaixador, os outros colegas sentem-se tocados por observações que lhes foram transmitidas, de que, anualmente, o Departamento de Estado produz um relatório sobre as condições dos direitos humanos e liberdades em Angola, enquanto a embaixada parece negligenciar essas questões na preparação da visita presidencial.



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As respostas fornecidas aos interlocutores indicam que, na aguardada visita do Presidente dos EUA a Angola, não está previsto um encontro com a sociedade civil. Isso contrasta com a abordagem adotada pelo ex-presidente Barack Obama durante a sua viagem à África do Sul, Tanzânia, Senegal e Gana, em junho de 2013, quando se reuniu com representantes da sociedade civil e, em Dakar, até mesmo com membros do poder judicial.


Entre 27 de junho e 2 de julho de 2013, Barack Obama, então presidente dos Estados Unidos, realizou uma visita a quatro países africanos: Senegal, África do Sul, Tanzânia e Gana. Em cada um desses países, Obama participou de encontros com a sociedade civil, reafirmando o compromisso dos EUA com o fortalecimento de instituições democráticas.

No Senegal, Obama discutiu o Estado de Direito com líderes judiciais e participou de um evento no Instituto Gorée, em Dakar. Na África do Sul, ele se reuniu com a presidente da União Africana, Nkosazana Dlamini-Zuma, e fez uma visita simbólica à Robben Island, onde Nelson Mandela esteve preso. Na Tanzânia, Obama destacou o apoio dos EUA ao crescimento econômico e à segurança energética, concluindo sua visita com uma passagem pela usina de energia Ubungo.


Apesar da incerteza sobre um possível encontro, a embaixada é citada como estando a considerar reencaminhar ao Presidente Biden uma carta subscrita por várias ONGs, em que os seus autores abordam três temas principais: violações dos direitos humanos em Angola, perseguição a adversários políticos, ativistas e jornalistas, e corrupção política e institucional.


A expectativa entre as ONGs é que a visita de Joe Biden a Angola possa gerar maior atenção internacional para essas questões cruciais, incentivando o diálogo entre o governo angolano e a sociedade civil.



Ainda sobre o mesmo tema, vale lembrar que durante o seu depoimento ao Comité de Relações Exteriores do Senado dos Estados Unidos, Abigail Dressel, indicada para ser a nova Embaixadora dos EUA em Angola e São Tomé e Príncipe, destacou o compromisso contínuo do seu país em promover os direitos humanos e a liberdade de imprensa em Angola.

Abigail Dressel sublinhou que, desde a eleição do Presidente João Lourenço em 2017, Angola tem feito progressos significativos na promoção da transparência e implementação de reformas democráticas, mas reconheceu que ainda há muito trabalho a ser feito. Se confirmada, ela se comprometeu a apoiar o fortalecimento do espaço cívico no país, além de colaborar com a sociedade civil, a imprensa e o judiciário angolano para reforçar esses avanços.

“A proteção da mídia independente é uma prioridade para nós”, disse a futura embaixadora, afirmando que continuará a defender o papel fundamental que a imprensa livre desempenha no fortalecimento da democracia em Angola. Dressel também mencionou a importância de apoiar as capacidades das instituições democráticas do país, incluindo a organização de eleições locais, um tema de grande relevância no contexto atual angolano.


Em suma, Abigail Dressel comprometeu-se a trabalhar para expandir as colaborações entre os EUA e Angola, com foco no fortalecimento da democracia, proteção dos direitos humanos e apoio a uma imprensa independente e robusta.

Club-K

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