"É NECESSÁRIO PEDIR FAVOR, SENHOR PRESIDENTE DA REPÚBLICA DE ANGOLA?" - ELIAS MUHONGO

 


Afirmei sempre que o meu peito é como um vinho arrolhado pronto a rebentar em odres novos. A minha determinação não é ficar aliviado, aos direitos e deveres, a nossa liberdade de imprensa, liberdade de expressão, igualdade e a fraternidade que não se regista. Por isso, mais dias e menos dias de forma ruidosa e permanente, eu abrirei sempre os meus lábios para falar da política angolana e dos partidos políticos, sem acepção de pessoas, nem procurarei agradar ninguém, por eu não saber lisonjear, mesmo tendo de atravessar vales tenebrosos, nenhum mal me vai impedir, porque a minha luta também é ao serviço da Nação e mudar o país, para não ter que mudar de país.

A injustiça, a desgraça e o abandono continuam a reinar no nosso país, pós os partidos políticos conseguiram quase projectar a maioria dos cidadãos para que as mentiras soem e se convertam em verdades. A nossa sociedade angolana não conta nem com uns e nem com outros. O que sentimos no confronto dos grupos é que na realidade estamos divididos entre "ditadores" que querem impor os seus interesses à vontade colectiva e os "anarquistas" que querem destruir tudo que seja contrário aos seus interesses.


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Estou a falar mesmo dos dois (2) maiores partidos políticos do nosso país (MPLA e UNITA). Tanto uns como outros, agindo na defesa intransigente dos seus próprios interesses, não conseguem conciliar a sociedade e quando extremam as suas posições nada mais conseguem do que destruir a própria sociedade angolana. Curiosamente, são estes dois grupos extremistas, com certeza, que se sentem no direito de salvar à Nação. Essa é a causa da nossa perdição que devia servir muito de reflexão a todos de Cabinda ao Cunene.

Enquanto começa-se a limpar as ruas da cidade capital de Angola e fala-se, bastante da visita do Presidente dos Estados Unidos da América, emissão de trabalho à Angola, no período entre aos 13 a 15 de Outubro, do corrente ano, o que constituirá o ponto alto da nova fase das relações entre os dois países, tristemente, vou dar mais corpo ao lamento do nosso campeão Demarte Pena que fez história em Abu Dhabi e garantiu vaga no UFC. O lutador angolano venceu na sexta-feira (de 27 de Setembro), o brasileiro Marcel Adur no combate principal do Torneio Internacional Warriors 53, realizado em Abu Dhabi. Com esta vitória, Pena assegura o seu ingresso no UFC, elevando o seu recorde para 15 triunfos oficiais.

Segundo o campeão "Presidente da República de Angola, João Lourenço, eu estou aqui, sou Demarte Pena, já venho a ganhar muito tempo, os outros lutadores estão a receber casas e carros, nunca me dão nada, eu não quero certificados e medalhas, quero dinheiro para melhorar a minha vida também. Toda aqui a sofrer nunca me ajudam, quero algo mais, faz favor!"

É muito triste e vergonhoso, os angolanos ouvirem o que o nosso campeão Demarte Pena disse ao Presidente João Lourenço, são palavras de choramingar, pós o torneio reuniu atletas de diversas nacionalidades, consolidando o estatuto de Dermate Pena como uma das maiores atletas do MMA. Até onde vai a insensibilidade e a ingenuidade destes partidos políticos, executivo, governo e Estado angolano, em termos de políticas e diplomacia desportiva? Será que essas palavras não beliscam a imagem de Angola?

Não é possível acreditar que alguém como o Demarte Pena que, em vários palcos mundiais representa a bandeira de Angola, com vitórias atrás de vitórias, incluindo de campeão mundial, não tenha os apoios do governo do seu país. Afinal de contas, o que fazem os partidos políticos, os deputados, as sociedades civis, os coadjuvantes do Presidente da República de Angola e os órgãos Ministeriais que tutelam as políticas para a juventude e desporto? Por que apoiam ou oferecem mais dinheiro e casas aos activistas ou os tais ditos "revus" que não são revolucionários?

Lamentavelmente, é chegada a hora da sociedade despertar para os efeitos nefastos das acusações sistemáticas (via redes sociais) entre o MPLA e a UNITA que, de alguma maneira, paralizaram a sociedade angolana. Por efeito dessa guerra política, o povo angolano foi, "imbecilizado", "formatado" e dividido entre “povo do MPLA” e “povo da UNITA”. Senhor presidente, ao invés de aproveitar o que há de positivo no antecessor, o que se regista como a "nossa" prática é "mandar tudo para o lixo”, sob o signo da santa ignorância do "agora é a minha vez”. Com esta mentalidade, não podemos ter, naturalmente, um país melhor. Não se vai " Corrigir o que está mal e Melhorar o que está bem", nem Trabalhar mais e Comunicar melhor ".

É um direito o uso do artigo 85 da CRA (Direito à Habitação e à Qualidade de vida), para qualquer angolano de Cabinda ao Cunene, pós todo o cidadão tem o direito. O artigo 79 da CRA (O Direito ao Ensino, Cultura e Desporto). O Estado promove o acesso de todos à alfabetização, ao ensino, à cultura e Desporto, estimulando a participação dos diversos agentes particulares na sua efectivação, nos termos da lei. O Estado promove a ciência e à investigação científica e tecnologia. A terceira parte, a iniciativa particular e cooperativa nos domínios do ensino, da cultura e do desporto exerce-se nas condições previstas na lei.

Sempre o campeão Demarte Pena tem abordado sobre a falta de apoio. Não é um assunto de hoje. Um Campeão de todos os tempos nessa modalidade, podia arriscar em dizer que é a "Modalidade que Angola é representada", com muito orgulho na pessoa deste jovem Pena, que luta vence todas as batalhas em qualquer competição onde é chamado para levar a bandeira angolana em todo canto do mundo. É inacreditável que o uso do artigo 85 não lhe diz também respeito.

Realmente, estamos numa fase da história de Angola em que a sociedade, cada vez mais dividida e vai configurando dois enormes grupos (oposição e o partido do poder) em rota de colisão. A "nossa" péssima qualidade moral, agravada pela extrema miséria e fome, vem multiplicando a intolerância e a desconstrução do outro (desvalorização e desprezo), dá para perceber que estamos numa implosão social e um ambiente assim, a isenção e a imparcilidade não têm valor nenhum. Mas "ganhámos" materialmente e perdemos em todos os outros aspectos.

Somos hoje absolutamente "individualistas" e "materialistas", sem amor ao próximo, esta é a realidade, uma sociedade angolana que perdeu o rumo, uma sociedade num grave processo de desumanização, uma sociedade que caminha a passos largos para a sua auto-destruição, é isto que somos hoje, corpos sem alma, perfeitos objectos dominados pelo espírito maligno e sem coragem para assumir que estamos a seguir o caminho errado. É vergonhoso o que disse o nosso campeão.

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