O João Lourenço, num tom de autoritário que já se tornou familiar, declarou sem rodeios que “não se vislumbram eleições gerais no país para breve”. o discurso , proferido durante a reunião do Comité Central do MPLA, foi um lembrete de que a ordem constitucional e partidária é o seu escudo. “Ninguém começa o jogo sem ouvir o apito do árbitro”, disse, como se a política fosse uma partida de futebol onde a desobediência à autoridade máxima seria o equivalente a um cartão vermelho. O recado, como já vem sendo hábito, não era apenas para o público geral, mas para as vozes internas do partido que começam a questionar o seu papel no jogo.
Mas o apito do João Lourenço parece estar estragado. Higino Carneiro, uma figura que cada vez mais emerge como rival dentro do MPLA, rapidamente respondeu à altura: “Enquanto o jogo não começa, os jogadores devem estar preparados”. Com essa réplica, Higino Carneiro expôs o que já é evidente para muitos — a insatisfação interna dentro do partido está mais próxima de uma revolta silenciosa do que de uma lealdade inquestionável. A política de João Lourenço, longe de ser um campo de jogo organizado, tem sido marcada por erros de arbitragem, decisões solitárias e descontentamento generalizado.
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Entretanto, a reunião do Comité Central foi, em si, um espetáculo peculiar. Dos 693 membros convocados, apenas 434 compareceram oficialmente, mas, como se sabe, entre esses, 72 estavam “justificados”, um truque para garantir quorum. Com apenas 52% de presença real, o MPLA está operando num modo de sobrevida. A ausência de quase metade dos seus membros é um sinal claro de que a fidelidade partidária já não é o que era. João Lourenço pode estar a seguir as regras do jogo, mas parece ignorar que, no campo, o time está se desfazendo.
Maquiavel, em “O Príncipe”, afirmou que um líder deve ser amado e temido. João Lourenço, com suas manobras de intimidação e controle, parece ter falhado nas duas frentes. Nem inspira temor, nem suscita amor. Hoje, é visto como o presidente mais impopular de todos os tempos em Angola. Seu projecto de poder, ancorado na perpetuação do status quo, está cada vez mais distante dos anseios do povo e até mesmo de seus correligionários.
A metáfora do jogo de João Lourenço já não ressoa com a mesma força. O árbitro pode até ter apitado, mas os jogadores, desmotivados, parecem se preparar para outro campeonato — um onde o protagonista não seja aquele que só ouve a si mesmo.
Por Hitler Samussuku
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