Em Angola, as eleições gerais de 24 de Agosto de 2022 foram marcadas por um clima de suspeição e denúncias de fraude. José Gama, jornalista e analista político, revelou detalhes alarmantes sobre o papel dos Serviços Secretos Angolanos na manipulação dos resultados eleitorais. Segundo ele, os órgãos de inteligência e segurança do Estado actuam como braço forte do regime, garantindo a perpetuação do MPLA no poder. Questionado sobre a interferência directa dos Serviços Secretos nas eleições, Gama descreveu a criação de um centro de escrutínio em Luanda, onde cerca de 300 pessoas trabalharam no processamento das actas eleitorais. A maioria desses funcionários eram membros da Casa Militar e da Segurança do Estado, incluindo familiares directos do General Francisco Pereira Furtado, Chefe da Casa Militar da Presidência da República. Gama destacou que a presença de pessoal afecto à alta confiança do regime no centro de escrutínio não foi coincidência. "Essas pessoas garantem que os resultados sejam manipulados de acordo com os interesses do MPLA", afirmou.
Em regimes ditatoriais como o de Angola e Moçambique, os Serviços de Inteligência e Segurança do Estado actuam em sintonia com o poder político. "É impossível realizar eleições nesses países sem que os serviços secretos tenham uma forte interferência directa em todas as fases do processo", explicou Gama. O analista político reforçou que a relação entre os governadores provinciais e os delegados do SINSE (Serviço de Inteligência e Segurança do Estado) é de interdependência. "Muitas vezes, a sobrevivência política dos governadores depende do homem forte da secreta local", disse. Gama citou o exemplo da província do Huambo, onde o Delegado Provincial da Secreta, Mateus Sipitale, mantinha uma relação de poder com o governador local. Enquanto o governador administrava a província, Sipitale controlava negócios paralelos, incluindo hotéis e pensões de luxo, que serviam de hospedagem para delegações oficiais vindas de Luanda. "Essa relação de poder mostra como os governadores estão, muitas vezes, nas mãos dos chefes da secreta local", explicou Gama.
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As declarações de José Gama reflectem um clima de incerteza que paira sobre os processos eleitorais em Angola. Desde a abertura do país para o multipartidarismo em 1992, a oposição, particularmente a UNITA, tem denunciado sistematicamente atropelos e fraudes eleitorais. Gama afirmou que, apesar das denúncias, o MPLA continua a ser declarado vencedor em todas as eleições, graças ao apoio dos Serviços Secretos. "Essa interferência directa nos resultados finais mantém o regime no poder, mas mina a credibilidade do processo democrático", concluiu. A crônica de José Gama revela um sistema eleitoral em Angola que está longe de ser transparente. A interferência dos Serviços Secretos, a relação de poder entre governadores e delegados da secreta, e a manipulação dos resultados eleitorais são práticas que consolidam o regime do MPLA. Enquanto isso, a oposição e a sociedade civil continuam a lutar por eleições livres e justas, num país onde a democracia ainda é uma promessa distante. (Cortesia: Semanário A OPINIÃO e Rádio Comercial Despertar).
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