O conflito na República Democrática do Congo (RDC) e o apoio do Ruanda ao movimento rebelde M23 representam um complexo cenário político e diplomático que pode impactar diretamente o Corredor do Lobito, infraestrutura estratégica na qual a União Europeia e os Estados Unidos reafirmaram recentemente o seu compromisso.
“Temos ouvido dizer que estamos a afastar-nos deste projeto, o que não é verdade. Estamos aqui a demonstrar que temos um compromisso com estes projetos e que vamos continuar a trabalhar com os nossos parceiros”, afirmou o embaixador dos Estados Unidos em Angola, James Story, em declarações à agência Lusa no início de abril.
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O Corredor do Lobito: Uma Infraestrutura Estratégica
O Corredor do Lobito consiste numa linha ferroviária de 1.300 quilómetros que liga a cidade portuária angolana à fronteira com a RDC, permitindo o escoamento de minerais críticos provenientes das regiões de Copperbelt (RDC) e Kolwezi (Zâmbia).
O Complexo Tabuleiro Geopolítico
A situação apresenta múltiplas dimensões que se entrelaçam:
• Angola, anteriormente mediadora do conflito entre o governo de Félix Tshisekedi e o M23 com apoio dos EUA, retirou-se deste papel, tendo as negociações sido transferidas para o Qatar.
• O movimento rebelde M23 recebe apoio do Ruanda, cujos interesses incluem o acesso às riquezas minerais do território congolês vizinho.
• A África do Sul, tradicionalmente próxima da Rússia, acusou o M23 de matar 13 militares seus que integravam forças de paz na RDC, acusação que Paul Kagame contestou.
• A França mantém o seu apoio ao Ruanda e ao Presidente Kagame.
• Bélgica e Ruanda romperam relações diplomáticas, expulsando mutuamente os seus embaixadores devido aos respectivos papéis no conflito.
Pressões Internacionais
Os Estados Unidos exigiram a retirada das forças ruandesas da RDC, aplicando sanções ao ministro de Estado para a Integração Regional do Ruanda, James Kabarebe, e ao porta-voz do M23, Lawrence Kanyuka Kingston, bem como a duas empresas deste último.
A União Europeia também impôs sanções a três altos oficiais das Forças de Defesa Ruandesas e ao director-geral do serviço ruandês de minas, petróleo e gás, além de uma refinaria de ouro em Kigali, acusada de extracção ilegal de recursos naturais da RDC.
Paradoxalmente, a UE financia a presença de forças militares ruandesas no Norte de Moçambique para combater terroristas islâmicos e proteger o projecto de gás da TotalEnergies, factor que ajuda a explicar o apoio francês a Kagame.
Interesses Económicos e Influências Globais
O Qatar, novo mediador do conflito, é um importante produtor mundial de gás. Em Dezembro passado, numa reunião em Doha, Kagame elogiou a China e criticou o Ocidente: “Agora a cooperação [com a China] apresenta mais valor em termos de comércio e investimento. Esta relação não vem com restrições como tivemos com muitas outras partes do mundo”.
Algumas das minas na Zâmbia e na RDC, que poderiam beneficiar do Corredor do Lobito, são exploradas pela China. Esta realidade contribui para o apoio americano à infraestrutura, numa tentativa de reduzir a influência chinesa na região.
Uma Condição para o Sucesso
O êxito do Corredor do Lobito depende fundamentalmente de se assegurar a estabilidade na República Democrática do Congo, condição actualmente escassa, e também de mitigar as ambições do Presidente ruandês, Paul Kagame. JN
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