“Estamos a convidar os empresários namibianos a investirem em Angola”



O cônsul honorário da Namíbia para a Região Sul de Angola, Elias Chimuco, revelou, em entrevista ao Jornal de Angola, que angolanos e namibianos podem aproveitar as oportunidades que oferecem, sem burocracia, em ambos os países, para investirem em diversos sectores e contribuírem para o desenvolvimento de ambos os países. Elias Chimuco, que cumpre o quarto mandato na diplomacia ao serviço de Angola e da Namíbia, acentuou a responsabilidade que carrega sobre os ombros, de passar aos empresários namibianos a mensagem sobre as vantagens e oportunidades de negócios em Angola, mas, também, aos angolanos detentores de empresas, dos benefícios em expandir o negócio na Namíbia


Que avaliação faz do seu mandato enquanto cônsul honorário da Namíbia para a Região Sul de Angola?
Sou cônsul honorário há 15 anos. Desde finais do mandato do Presidente Hifikepunye Pohamba. Vou já no quarto mandato. No mandato do Presidente Hage Geingob, desempenhei, obviamente, as funções como cônsul honorário e, também, como consultor do Presidente Geingob. Obviamente, tínhamos uma relação bastante óptima.


Por que consultor?
Porque havia temas que me eram delegados, que eu cumpria, também, no exterior do país, em nome de Angola e do falecido Presidente. Então, esta relação diplomática associada ao cônsul honorário, que, digamos, atingiu o nível de consultor do Presidente, permitiu que pudesse estar em diferentes países de África e não só.

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São enormes as responsabilidades…
As responsabilidades que me recaem, enquanto cônsul honorário, representam uma vida. Granjeei confiança pelo Governo deste país e do partido que governa, a SWAPO, com quem tenho larga relação, de modo que, hoje por hoje, só visto como se fosse um membro da SWAPO, não fidelizado, mas um membro honorário também.

O que estará na base desta relação de proximidade?
Porque participei em pleitos eleitorais, dei apoio a vários níveis. Isso me permitiu, então, granjear esta relação de proximidade e de confiança. É essencial nas relações bilaterais e não só, nas relações de vizinhança, porque partilhamos a mesma fronteira, o mesmo rio e o mesmo mar. Portanto, esta relação é bastante aconchegante.


Qual é a sua principal missão?
A minha missão, enquanto cônsul honorário, é com a sede na Huíla, ou seja, na cidade do Lubango, relacionada às províncias do Cubango, Cuando, Benguela, Namibe e mais lá para o centro do país, no Huambo e Bié. Portanto, tenho tido, digamos, uma responsabilidade bastante transversal, que me permite, cada vez mais, fazer chegar o bom-nome deste país. Portanto, a relação é bastante profunda. A nossa missão tem sido geoeconómica e, por vezes, transpõe na geopolítica, porque as duas coisas, às vezes, se fazem ao outro agradável.

Em que se baseia o seu trabalho?
Dizer que a nossa missão é fazer a aproximação da classe empresarial namibiana e angolana. Antes da tomada de posse, tivemos um briefing com a nova Presidente Netumbo, que nos passou directrizes precisas, de modo a impulsionarmos a componente da relação bilateral, geoeconómica, permitindo que Angola e Namíbia estreitem cada vez mais a relação nesta perspectiva empresarial, porque há muitas oportunidades neste país, a vários níveis.


Quais as oportunidades para os angolanos?
Os angolanos podem aproveitar as oportunidades que se oferecem, sem burocracia. E vice-versa. Fizemos, também, a questão de passarmos a mensagem aos empresários namibianos que queiram investir em Angola. Fizemos o trabalho nos dois sentidos, porque realmente temos, também, a responsabilidade, no sentido de Estado, de convidar os empresários namibianos que queiram investir em Angola, porque o nosso país tem, também, inúmeras oportunidades em vários sectores, assim como a Namíbia também expõe várias oportunidades em diversos sectores, na Mineração, agora na descoberta do Petróleo e Gás, que também satisfaz, e faz com que os angolanos também possam investir aqui neste país.


Qual tem sido a reação dos empresários angolanos?
Há um trabalho que vamos começar agora. Vamos desencadear, provavelmente, chegar a um fórum empresarial, que permita que haja este cruzamento da classe empresarial nos dois sentidos e fazermos aqui, efetivamente, o mesmo que fazemos lá. Em meados do corrente ano, em Junho ou Julho, vamos pressionar para que as condições estejam criadas nos dois sentidos.


Mas já há muitos angolanos a investir na Namíbia?
A princípio, poucos. Assim de forma isolada, vai havendo aqui e acolá alguns, mas o essencial é que os ventos proporcionam que este ambiente empresarial seja cada vez mais aprofundado, é o que vamos fazer. É a nossa missão enquanto estivermos com esta responsabilidade, de procurar desencadear a vários níveis, tal como nos é recomendado. Só para ver que a ministra recém-nomeada, dos Negócios Estrangeiros da Namíbia, ela acumula o valor do comércio em trading e logística, isto dá primazia a que as relações bilaterais sejam cada vez mais reforçadas, trazidas por arrasto com a componente empresarial.


A que se deve, na sua opinião, o facto de haver, ainda, poucos angolanos a investirem na Namíbia?
O que deve haver, aqui, é cada vez mais apelação. Vamos continuar a fazer a nossa parte, de modo a convencer aqueles empresários que queiram internacionalizar as suas empresas, ao contrário de irem para a Europa, estarem mais virados para a África, porque, finalmente, a África é cada vez mais promissora. Namíbia, África do Sul e além-fronteira. Temos esta região aqui cada vez mais pujante no crescimento económico.


Que oportunidades de investimento oferece a Namíbia?
Fomos convidados a entrar nos Petróleos e Gás, e na Mineração. Já estamos no Turismo. Temos mais lá para o Norte imensos hectares de terra para podermos, então, desencadear esta actividade do turismo, porque finalmente o turismo aqui é o futuro. A Namíbia é um país que, cada vez mais, tem conhecido crescimento nessa perspectiva do turismo e fomos convidados a investir, grandemente, nesta área.


Acha que as grandes oportunidades de negócios passam, também, pelo turismo?
Vamos procurar, obviamente, fazer o melhor nessa perspectiva, porque o turismo é o nicho do negócio do futuro. Tenho estado a passar a mensagem, quando tenho oportunidade de estar com o Presidente João Lourenço, assim como no passado, na época do Presidente já falecido, quando dizia que era bom que a estrada que liga Angola com a Namíbia, mais para o Sudoeste, fosse reabilitada, para poder impulsionar a nossa economia nos dois sentidos, quer seja no comércio quer seja no turismo, porque o turismo, hoje, é a fonte de receita para qualquer país que esteja em paz e em vias de desenvolvimento. Principalmente o nosso país, que ainda tem muita descoberta por realizar.


Há muitos namibianos interessados em fazer turismo em Angola?
Angola é um país virgem, a todos os níveis, um país que precisa ser visitado, porque a história recente da guerra permite a curiosidade ao mundo. O mundo inteiro quer conhecer Angola, saber que país é este, que muito se fala e ostenta riquezas naturais. No entanto, havendo vias rodoviárias reabilitadas, as pessoas podem olhar para a própria natureza, já que as características do nosso país suplantam qualquer outro da região.


Defende, por isso, que se deva reabilitar a estrada que liga Namíbia a Angola.

Seria bom que, de facto, tivéssemos esta via que liga o Cubango com a Namíbia, uma zona que tem muito a vender em termos de imagem e característica da natureza. Também iria ajudar, de certo modo, que, entre a Namíbia e Angola, houvesse uma fluidez de circulação nos dois sentidos, porque esta fronteira toda está interligada. Existe esta conexão com a via terrestre. Era óptimo que, da nossa parte, também houvesse esta aceleração na conclusão deste troço, que liga os dois países.

Que trabalhos de incentivo podem ajudar a classe empresarial angolana e namibiana a aderirem às oportunidades de investimentos existentes nos dois países?
Ainda há muito trabalho a fazer, para que a nossa classe empresarial possa aderir aos investimentos aqui, na fronteira entre Angola e a Namíbia, porque o futuro se desenha aqui com o turismo e, também, com o petróleo, porque também já começa haver descoberta de petróleo na zona do Cubango. É preciso revolucionar esta componente, esta perspectiva de recursos minerais, digamos, que há por trazer à sua exploração, para que possamos, com estes recursos, cada vez mais contribuir no desenvolvimento dos dois países.

O Presidente João Lourenço disse, durante o almoço oferecido pela homóloga namibiana, após a tomada de posse, que os laços de cooperação entre a Namíbia e Angola remotam desde a luta comum pela liberdade. Como é que os namibianos olham para Angola?
Daí que, há toda a necessidade de estreitarmos, cada vez mais, as nossas relações. Tenho dito que há, aqui, relações familiares. Temos muitos angolanos a residir na Namíbia e que têm filhos que nasceram aqui. Nos dois sentidos, também temos no Cubango, no Kalai, no Cunene. Falamos a mesma língua, Bantu. E, no entanto, temos que aproveitar melhor. O Presidente João Lourenço terá dito muito bem, porque a relação entre Angola e Namíbia remota há séculos. É preciso que esta relação seja mais explorada e cada vez mais estreita, para que possamos tirar o melhor proveito para os dois países. Entre Angola e a Namíbia há sempre esta hegemonia que nos une, por causa da proximidade, que já me referi. Precisamos, nós, os angolanos, fazer muito mais, porque eles são minoritários, somos a maioria. Para ver que eles são quase quatro milhões de habitantes. É uma exiguidade muito grande relativamente a nós, que andamos aí à volta dos 35 milhões.
Ambos os países precisam investir mais nos dois sentidos.


Precisamos de investir mais aqui, de modo que possa gerar mais-valia. Se for necessário, criaremos, aqui, na Namíbia, uma academia para ensinarmos português. Portanto, são nichos de negócios que podem muito bem ser explorados, para que isto possa gerar uma relação e simbiose, que permita que os namibianos, também, não estejam alheios ao português. E, nós, angolanos, falarmos, também, o inglês, haver também uma academia com alguma intensidade para o inglês.

Na condição de empresário, que contributo pensa dar?
Já estou a criar esta academia na Huíla, precisamente na cidade do Lubango, uma academia de língua inglesa, e, também, procurar criar uma academia cá, na Namíbia, de língua portuguesa, para que as relações fiquem cada vez mais estreitadas e possamos todos comungar a mesma linguagem. Há muito por se fazer aqui neste país, daí, lançar o repto aos nossos compatriotas empresários que queiram investir aqui na Namíbia, há imensas oportunidades.


Como é que se pode classificar o mercado de negócios na Namíbia?
É bom, é uma economia estável, em termos de inflação, é quase nula, há uma estabilidade macroeconómica, isto é bom para a economia. Tenho estado a classificar este país de Genebra em África, é um país que cresce todos os dias, com indicadores bons, que permitem dar conforto a qualquer um que queira investir aqui, na Namíbia. O turismo está em alta, e a descoberta em termos de exploração de petróleo e gás, vai impulsionar cada vez mais a economia namibiana, daí o repto a todos os níveis.

Qual é a sua expectativa enquanto diplomata, em relação à ascensão da primeira mulher na Presidência da Namíbia?
Bem, de facto, foi óptimo. Ela granjeou uma boa relação com os anteriores Presidentes, aprendeu bastante, e creio que não vai defraudar o género, certeza absoluta. Trabalho com ela há 15 anos, e sei que é uma mulher de pulso. Numa conversa com ela, dizia-me que, em seis meses, o vai fazer. Por isso, tenho a certeza que ela vai revolucionar a economia namibiana, seja na geopolítica, geoeconómica, de certa forma revolucionar o país, de modo que, depois do mandato dela, tenho a certeza que o próximo Presidente também será uma mulher, porque ela vai contagiar as outras mulheres, para que possam seguir a mesma pedalada.

Acha que as mulheres são, também, um exemplo de competência?
Acho que a Namíbia está de parabéns, porque é sempre um bom exercício. As mulheres têm, também, uma capacidade de governar. Tudo depende da forma de cada uma delas, ou melhor, a forma de se posicionar na sociedade, porque a administração é transversal, é universal. Portanto, não tem nada a ver com o género ou a diferença do sexo. O essencial é que a pessoa, em causa, seja alguém com alguma maturidade, que consiga impor-se na própria sociedade. E, portanto, quanto ao caso da Presidente Netumbo, tenho fé e certeza que ela vai chegar lá. É só olhar para o Governo que ela constituiu. Uma revolução total, e com pessoas que me parecem ser com alguma maturidade. Nem parece uma dama com 72 anos. É visível que ela está rejuvenescida.

Como antevê as relações entre Angola e a Namíbia, agora com a Presidente Netumbo?
A Presidente Netumbo é uma senhora que tem boas relações com Angola. O partido da SWAPO também tem boas relações com o MPLA, do qual somos membros. Portanto, estou a crer que estamos bem servidos. Agora, é preciso tirar proveito, no bom sentido, nestas boas relações que remontam há anos.

Jornal de Angola


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