É vergonhoso. A política angolana tem-se tornado cada vez mais refém de humores pessoais e coletivos, transformando-se numa autêntica comédia democrática, onde falta o mais básico: respeito pelo povo angolano. Desde 1975, o que, de facto, tem o Executivo feito em nome do povo? A realidade que hoje vivemos não corresponde às promessas feitas nas eleições gerais de 2017, que deram ao MPLA uma vitória retumbante.
O Presidente da República, João Manuel Gonçalves Lourenço, parece não medir o impacto das suas palavras. Quando afirma que “é chegada a hora de o país partir para a exploração sustentável de todos os recursos de que dispõe”, fico atónito. Não é essa, supostamente, a missão do projeto de governação iniciado em 2017?
Há momentos em que se torna difícil entender se o Presidente governa ou é impedido de governar, tal é o desalinhamento entre o discurso e a ação. O país está parado, mergulhado numa crise profunda. O projeto político sufragado nas urnas parece ter-se diluído num mar de indefinições.
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No dia 12 de julho de 2025, uma manifestação contra o aumento dos combustíveis e dos transportes foi violentamente reprimida, apesar de ter sido autorizada pelo Governo Provincial de Luanda e pelo Comando Provincial da Polícia Nacional. É inadmissível. É uma violação gritante da Constituição e dos direitos fundamentais dos cidadãos. Onde está o Estado democrático de direito?
Pergunto: foi para isso que lutámos pela independência? O povo angolano não respira — vive numa extrema miséria. Enquanto isso, assistimos à destruição de tudo o que ainda resta da dignidade nacional.
Quando se observa o legado deixado pela administração colonial portuguesa, independentemente do seu contexto ideológico, constata-se que Angola herdou infraestruturas, indústrias, serviços e instituições funcionais. Listas extensas de fábricas, hospitais, escolas, caminhos-de-ferro, empresas de transporte, indústrias alimentares, de bebidas, bancos e redes de serviços são testemunhos materiais desse passado.
E hoje? Qual desses legados foi recuperado, modernizado ou mantido em funcionamento pelo Estado angolano?
Relembro algumas realizações deixadas antes de 1975:
Petrangol, TAAG, Caminho-de-Ferro de Benguela e do Amboim, Sorefame, CECIL, Induve, AAA, EPAL, ICA, IAA, IVA, CUCA, NOCAL, EKA, Mabor, TAAG, CTT, entre muitas outras.
Angola, em 1974, apresentava um dos maiores crescimentos económicos de África e era o segundo maior do mundo.
A OMS declarou o país livre da raiva em 1973.
Havia educação e saúde gratuita em todo o território.
As estradas asfaltadas ligavam todas as capitais provinciais.
Hoje, quase 50 anos depois da independência, perguntamos: por que razão o Executivo angolano não conseguiu preservar, revitalizar ou reinventar esses recursos? Por que não consegue corrigir o que está mal e melhorar o que está bem, como tantas vezes foi prometido?
O povo precisa de respostas e, acima de tudo, de um rumo claro, que devolva a esperança e a dignidade à nação. Governar é servir. E quando o Estado se esquece disso, a História cobra.
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