Fala-se muito de “reformas económicas” em Angola, mas o que persiste é uma engrenagem inchada, inútil e profundamente parasitária o chamado deep state, ou estado profundo, que se alimenta dos recursos públicos sem gerar valor real para o país.
A equipa económica de Angola é uma caricatura de excesso: temos um ministro de Estado para a Economia, um secretário do Presidente da República para a Economia, um ministro da Economia e Planeamento, secretários de Estado, diretores nacionais, diretores provinciais, uma ministra das Finanças, os seus secretários de Estado, mais diretores nacionais, delegados provinciais das Finanças… a lista é interminável. Cada um com o seu carro protocolar, motorista, casa protocolar, cartão de combustível e outros “direitos adquiridos”. Tudo isso custa caro. Muito caro.
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A pergunta óbvia é: para quê tanto aparato se, no fim do dia, o país continua a afundar-se em pobreza, desemprego e estagnação? Quem alimenta esta teia de altos funcionários, quase todos com funções sobrepostas, mas sem resultados tangíveis?
Este estado profundo angolano não governa para o povo. Governa para si próprio. Criou-se uma elite burocrática cuja única função é manter o seu lugar, os seus privilégios e a sua fatia do bolo. É uma máquina de consumo, não de produção. E enquanto ela existir, não haverá reforma capaz de pôr a economia a crescer de forma justa e sustentável.
Não se trata apenas de excesso de quadros: trata-se de um sistema de ocupação política, onde se distribuem “tachos” como prémios de fidelidade e não como instrumentos de serviço público. Enquanto isso, o professor, o médico, o agricultor e o cidadão comum continuam a sobreviver com salários indignos, transporte precário e serviços públicos em colapso.
Se Angola quiser mudar, tem de começar por desmontar esse estado parasitário e reconstruir o Estado ao serviço do povo, não de uma minoria com cartões de combustível e viaturas 4x4.
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