A nossa vergonha internacional tem evoluído a passos largos, mudando de estágio em curtíssimos intervalos de tempo. Se antes éramos conhecidos pela fome, pobreza, desnutrição, violação dos direitos humanos e pelos recorrentes desvios do erário — como mencionei no texto anterior — agora assistimos à exportação de um novo “produto nacional”: a bajulação institucionalizada.
Enquanto, por cá, os habituais “arruaceiros” — como costumam rotular os que ousam protestar — tentam, repetidas vezes, aproximar-se das instituições do Estado para fazer ouvir as suas reivindicações pacíficas (se não fossem sistematicamente barrados pela repressão), lá fora, nas terras de Camões, o cenário é outro. O nosso humilde “funcionário” — não satisfeito com as passeatas orquestradas em solo nacional, acompanhadas da privatização quase total dos meios públicos de comunicação — exportou um grupo de fiéis aduladores para o exaltar no estrangeiro.
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Contudo, o que era para ser um dia de glorificação dos feitos “lourencistas” acabou por se converter numa aula prática de democracia. A tentativa de encenação propagandística a escassos metros da Assembleia da República Portuguesa tornou-se num episódio embaraçoso, com críticas vindas de angolanos na diáspora e de cidadãos portugueses indignados com o que se passa em Angola.
Enquanto isso, os agentes da ordem em Lisboa garantiam a segurança de todos — até mesmo dos que gritavam alto e bom som “Lourenço, amigo, o povo está contigo” —, assegurando o direito constitucional à manifestação, por cá, os prometidos “rebuçados e chocolates” para quem ousasse abrir a porta da liberdade transformaram-se em balas reais e mira certeira contra qualquer um que ouse perturbar o conforto dos que se banqueteiam, como bem descreveu Evaristo Mulaza, num “banquete de hotel” onde os pobres não são convidados.
E quando o fim último de um governo deixa de ser o bem-estar das pessoas, as suas prioridades denunciam o absurdo: investir 50 mil milhões de kwanzas para devolver alguns “quilitos” de arroz e frascos de “nuceque” saqueados por uma população desesperadamente faminta, sem apresentar qualquer estratégia efetiva para combater a miséria, é mais do que irresponsabilidade — é insistência em cutucar a onça com vara curta.
Com isso, cria-se o terreno fértil para novos ciclos de violência e repressão. E, no fim das contas, resta a pergunta que ecoa entre a lama e o fogo: quem paga pela nossa dignidade?
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