O Mais Velho Isaías Samakuva, com 79 anos, tem sido criticado por se apresentar como candidato a presidência do partido no próximo congresso da UNITA por causa da idade. A questão, porém, não é a idade, mas o mérito. A idade não é condição necessária nem suficiente para liderar; contam a competência, a integridade, a saúde, a stamina, a qualidade da equipa e um programa credível.
Sobre o perfil: o MV Samakuva é disciplinado. Não consome álcool, cuida da saúde e das faculdades, e é notoriamente culto—alguém que passou anos a cultivar-se. Estes hábitos contam: sinalizam firmeza e cuidado.
Reconhecendo os demais: o Enginheiro Adalberto Costa Júnior, presidente em funções, é relativamente jovem e dinâmico, com méritos evidentes. O Dr. Rafael Massanga, outro potencial candidato, é mais novo e enérgico na apresentação pública. Os três trazem aspetos positivos; é precisamente por isso que um concurso aberto de ideias é valioso.
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Contra a ideia perene de que “os jovens são mais sábios”: muitas vezes, não são. As gerações diferem. A juventud Angolana de meados da década de 1970 carregava um sentido palpável de herança e dever público; apesar de lacunas académicas, havia seriedade cívica—muito por força de uma cultura educativa, entre ela as escolas de missão, que incutia disciplina e responsabilidade.
A juventude angolana de hoje enfrenta outra paisagem: escolaridade desigual, instituições fragilizadas e menos rituais cívicos partilhados. Não é uma falha moral; é um contexto estrutural. A sabedoria correlaciona menos com a idade do que com a formação—família, escola, mentoria e prática. Proclamar que só os jovens “têm visão” é falso e desperdiça a experiência que os mais velhos ainda podem aportar.
Na prática, um dirigente mais velho pode ter vantagens específicas: maior predisposição para delegar, um ego mais contido e um hábito mais amplo de escutar. Tende a perguntar “o que está em causa?” em vez de “como é que me afirmo?”, o que geralmente serve melhor a organização. Por contraste, um dirigente mais jovem pode—embora nem sempre—ser impelido por um sentimento de inevitabilidade ou de excecionalismo pessoal que fecha a porta a pontos de vista discordantes. O ego estreita a estratégia; a escuta alarga-a.
A UNITA, como qualquer instituição séria, prospera como uma estafeta. Passa-se o testemunho entre fases: o arranque explosivo, a longa reta oposta, a curva, a reta final. Talentos diferentes brilham em troços diferentes; o progresso depende da coordenação. Pense-se no ecossistema do sprint jamaicano: o fulgor visível da velocidade juvenil assenta numa cultura profunda de treino que encaminha antigos atletas para escolas e clubes. Por detrás do jato de energia está uma orientação experiente e estratégica. Os partidos não são diferentes: quando a experiência e a juventude trabalham em sequência—mentores a moldar método, quadros jovens a fornecer impulso—o resultado é continuidade com tração.
Uma palavra sobre a postura. No passado, participei na refrega política; com o tempo, escolhi uma perspetiva olímpica e distanciada. Escrevo hoje como comentador que preza o argumento racional, a evidência e a equidade. Muitos de nós fomos moldados num enquadramento partidário que, por vezes, toldou a lealdade à nação. Confundimos pertença partidária com patriotismo. Já não o faço. A minha primeira lealdade é an Angola—à sua história, ao seu futuro, aos seus cidadãos. Manter-me-ei aberto a pontos de vista concorrentes, mas não confundirei claque com análise. O teste é simples: o argumento é sólido? A proposta é exequível? Serve o bem comum?
Por tudo isto, é perfeitamente possível que um líder mais velho—curioso, ético e metódico—traga uma renovação mais genuína do que um líder jovem preso ao impulso ou à linhagem. O curso racional é simples: avaliar cada concorrente pelas propostas, pelo historial, pela capacidade e saúde atuais, pela equipa e por um plano de responsabilização. Que prevaleça o melhor.
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