Há presenças que dispensam medalhas. João Paulo Ganga é uma delas. No cinquentenário da independência de Angola, a sua ausência nas distinções oficiais revela mais sobre o país do que as condecorações que foram entregues.
Porque há quem liberte o pensamento antes de libertar o território.
Ganga pertence àquela geração de intelectuais que recusou o conforto da neutralidade. Da televisão ao microfone, da sala de aula à rua, ele foi — e continua a ser — voz crítica de um país que ainda aprende a escutar-se.
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Quando afirmou, em entrevista à Voice of America, que “a independência libertou os países africanos, mas não libertou as pessoas africanas”, não fazia apenas uma constatação histórica. Dizia, com coragem, que a liberdade política sem liberdade de consciência é apenas uma mudança de bandeira.
Em 2015, ao chamar de “heróis” os jovens ativistas julgados por pensarem diferente, Ganga reafirmou a sua vocação: a de estar sempre do lado da dignidade humana, mesmo quando isso custa o silêncio oficial.
A televisão conheceu-o como comentador, mas o público reconheceu-o como mestre. Mestre porque ensinou — não pela autoridade da cátedra, mas pela autoridade da coerência.
Recusar voltar à TV Zimbo, mesmo sob pressão política, foi outro gesto de fidelidade à sua própria voz. E é essa coerência que o torna hoje indispensável à memória moral dos 50 anos de independência.
Condecorar João Paulo Ganga seria, pois, um gesto de inteligência coletiva. Seria dizer, como povo, que pensar diferente é também amar a pátria.
Que esta ausência sirva, então, como convite à nossa maturidade simbólica — a de honrar quem nos ajuda a pensar livres.
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