EXISTEM PRÉ-DESTINADOS PARA GOVERNAR? - Ilídio Manuel



Norberto Garcia (NG) manifestou há dias, num debate promovido pelo site XAA, que o seu maior receio não era o MPLA perder o poder em próximas eleições, mas quem iria substituir o partido governante à frente dos destinos do país.


O retórico político, que é director de um gabinete afecto à Presidência da Républica, quis em outras palavras dizer que a oposição não dispõe de quadros para tocar o país para frente e que a saída do MPLA, na sua óptica, poderia levar o país ao marasmo e descalabro total. Numa só palavra, a falência do Estado.


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Se ele quis com isso transmitir a ideia de que os quadros, sob gestão do MPLA, eram os melhores que o país produziu ao longo destes últimos 50 anos, faltou-lhe, porém, coragem suficiente para assumir que eles eram também os responsáveis pelos sucessivos erros da governação, nomeadamente os crónicos fracassos dos programas governamentais e assistenciais, pela má distribuição da renda social, corrupção endémica e miséria que afectam milhões de angolanos.   


Não é a primeira vez que membros afectos ao partido no poder fazem pronunciamentos do género. Em tempos, Esteves Hilário, o actual secretário do BP para Informação, lançou farpas à oposição, criticando os seus membros de que eles não tinham “vocação para governar”.


Estes pronunciamentos não foram ou não têm sido feitos de forma inocente, mas devem ser enquadrados numa ampla estratégia que visa, por um lado, passar a ideia de que os quadros, apesar de terem sido formados às expensas do erário, são do MPLA e não do Estado que investiu na sua formação e, por outro lado, eles serão monopólio do partido governante.


Por esta e outras razões é que os ditos “iluminados”, ou seja, os únicos “com vocação para governar” criaram os célebres e tristes Comités de Especialidade do MPLA dos Médicos, Juristas, Engenheiros, Jornalistas, Empresários e quejandos, com o objectivo de transformar essas nobres profissões em extensões ideológicas ou caixas de ressonância do partido governante, de forma a assegurar a manutenção no poder.


Tivesse sentido de Estado e a mente despoluída de militância partidária, NG ter-se-ia manifestado disponível para servir os interesses do Estado, independentemente, de quem estivesse no poder.


É o que acontece noutras geografias políticas onde ocorrem alternâncias do poder em que os quadros colocam os interesses do Estado acima dos seus interesses partidários, sendo que a razão principal da existência do Estado é a satisfação das necessidades colectivas e do bem-estar dos cidadãos, cujos serviços têm sido prestados pelas instituições criadas para esse fim. As instituições sobrevivem à mudança dos seus titulares.


Se colocasse os interesses do país acima dos interesses da manutenção do poder a qualquer preço, NG deveria ter defendido a despartidarização das instituições e a implementação das autarquias, de forma a criar gestores independentes e livres das amarras partidárias.


A arte de governar só faz sentido quando a mesma visa a satisfação das necessidades colectivas, o bem-estar das comunidades, e não apenas a manutenção no poder, usando para esse fim todos os meios, dentre os quais a excessiva partidarização das instituições e a inoportuna Divisão Política Administrativa (DPA).


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