PGR consulta lei brasileira para sancionar general Paka



As autoridades angolanas manifestam preocupação com as declarações públicas recentemente proferidas pelo general na reforma Manuel Paulo Mendes de Carvalho “Pakas”, consideradas por responsáveis oficiais como “insultuosas” e “ofensivas”. Contudo, na ausência de elementos que permitam enquadrar juridicamente essas declarações num quadro de criminalização, as opções de resposta do Estado revelam-se limitadas.


Entre as hipóteses analisadas esteve a possibilidade de despromoção militar, mas a iniciativa esbarrou num impasse legal. Nos termos da legislação angolana, um general já reformado não pode ser despromovido para brigadeiro, uma vez que a reforma consolida definitivamente a patente alcançada. A despromoção só é legalmente admissível no âmbito de um processo disciplinar ou judicial instaurado quando o oficial ainda se encontra no activo.

 

No decurso das análises internas sobre o assunto, foi referido que o Brasil dispõe de um enquadramento jurídico que admite sanções a oficiais generais mesmo após a passagem à reforma. Neste contexto, foi enviada ao Brasil, na quinta-feira, dia 11 da semana passada, uma delegação chefiada pelo Procurador-Geral da República, Hélder Fernando Pitta Gróz, com a missão de estudar a legislação militar brasileira, com vista à eventual adaptação de alguns dos seus mecanismos à realidade angolana.

 

Filho do escritor e nacionalista Uanhenga Xitu (Agostinho André Mendes de Carvalho), o general Pakas cresceu num ambiente profundamente marcado pela política e pela luta de libertação nacional. Recebeu formação militar e política na então União Soviética, num período em que o MPLA enviava quadros para países aliados no contexto da Guerra Fria. Especializou-se em economia política e exerceu funções de comissário político nas Forças Armadas, tendo atingido a patente de general antes da sua reforma.

 

Nos últimos anos, tornou-se uma voz crítica da governação do Presidente João Lourenço, assumindo simultaneamente posições públicas de apoio à oposição, em particular à UNITA, chegando a apelar ao voto nessa força política.

 

Já na condição de reformado, o general terá aprofundado a sua ruptura com o regime. Esta segunda-feira, circularam informações em vários portais angolanos segundo as quais teria sido notificado pela Procuradoria-Geral da República (PGR), mas não compareceu perante a instituição.

 

Entretanto, apurou-se que a legislação brasileira — actualmente em análise pela PGR de Angola — também não permite a despromoção automática de oficiais generais na reforma. Eventuais sanções só podem ser aplicadas por decisão judicial, em casos de crimes militares ou comuns considerados incompatíveis com a dignidade da função, podendo afectar direitos, prerrogativas ou benefícios, mas não a patente já consolidada.

Club-K


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