Ao tempo em que foi ministro da Justiça, Paulo Tchipilika bateu-se até ao limite das suas energias para ter a DNIC (Direcção Nacional de Investigação Criminal), percussora do SIC, sob a tutela do ministério que então dirigia.
Ao tempo ministro do Interior, Fernando da Piedade Dias dos Santos “Nandó”, um então poderoso membro do Bureau Político do MPLA, nunca permitiu que lhe tirassem a galinha de ovos de ouro, que a DNIC já era.
Muito influente no “Partido”, Nando defendia que todas as forças paramilitares deveriam estar sob comando único.
Para darem mais “consistência” à sua narrativa, os adeptos da teoria da conspiração viam propósitos obscuros por detrás da proposta de Paulo Tjipilika de chamar a DNIC para a tutela do Ministério da Justiça. Contra o então ministro jogava o facto de haver militado na UNITA.
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A verdade é que juntas, Polícia e DNIC deram ao ministro do Interior um poder que, dizia-se, atemorizava o própria Presidente José Eduardo dos Santos.
Mas a incorporação da DNIC no Ministério do Interior, onde já estava a Polícia, nunca se traduziu num combate eficaz ao crime organizado.
O narcotráfico e o misterioso desaparecimento de quantidades industriais de cocaína apreendida é conversa que vem lá de trás.
Desde o tempo de Nandó que se fala de tráfico de drogas pesadas. Desde os tempos dele que os cidadãos nunca testemunharam à queima de cocaína e de outras drogas pesadas, à semelhança do que se faz, amiúde e em meio à ruidosa campanha de propaganda, com a liamba.
O que se diz por estes dias sobre tráfico de drogas não resulta do trabalho de prevenção e combate. O que está a vir a pública resulta da sangrenta luta de galos que opõe, no Ministério do Interior, membros do SIC aos seus colegas da Polícia. Há ali dentro a certeza de que uns comem mais do que outros.
Paulo Tchipilika tinha razão quando defendeu o desmembramento da DNIC do Ministério do Interior.
Em Portugal, onde ele estudou e trabalhou durante muitos anos, a Polícia Judiciária, que é o equivalente ao nosso SIC, é tutelado pelo Ministério da Justiça.
Como Ismael Mateus escreveu há dias, assente no copy e past, o “nosso processo de aprendizagem é muito selectivo. Só aprendemos o que não devemos”.
Portugal também tem muito boas lições a dar.
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