100 anos de Igreja Adventista em Angola: Uma reflexão do passado, presente e futuro

 


Na semana finda, a Igreja Adventista do Sétimo Dia em Angola realizou as suas festividades de comemoração dos 100 anos de evangelização do país. Diversas entidades eclesiásticas, políticas e tradicionais prestigiaram o evento, que, podemos dizer, foi digno e com uma organização de encher os olhos.


Ficou claro que o remanejamento da União Angolana em 2010, com o surgimento de duas uniões (Sudoeste e Nordeste), não dividiu a igreja, mas foi uma questão administrativa para melhor servir aos membros. Isto viu-se na maneira como os líderes Manuel Felipe Pacheco e Teixeira Mateus Vinte têm trabalhado de mãos dadas em prol do evangelho do reino em Angola.



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Dizer que nestes 100 anos só houve bênção e vitória seria mentira. O próprio líder da União Nordeste, em uma entrevista à Rádio Adventus que foi transmitida ao vivo no Facebook, reconheceu que poderíamos fazer mais, mas vários fatores, não só da guerra, como alguns conflitos internos, interromperam o avanço da igreja no país.


Ao longo destes anos, temos falado diversas vezes sobre o sonho de uma universidade, hospitais, gráfica e muito mais. Em relação às igrejas locais, podemos dizer que uma boa parte está em construção há diversos anos, sem praticamente data para o término das obras.


As nossas missões e as nossas escolas rurais, que foram a base do nosso crescimento e da evangelização do país, estão em ruínas e não há uma esperança para a sua reabilitação.


É urgente ter planos claros e concretos para a edificação da sonhada universidade e para a reabilitação das nossas missões, bem como dar visibilidade às nossas igrejas locais. Todos, sem desprimor de ninguém, devemos nos unir para a concretização deste sonho.


Para o sonho da Universidade, a igreja deve ser clara se o objetivo primário será a implantação do campus do Bongo ou a construção do Instituto Superior em Luanda. Sou de opinião que devemos começar com um e, quando terminado, começar o outro. Devemos apresentar um orçamento de quanto ficaria o projeto e, igual em outros países, como igreja, vamos atrás dos patrocínios em Angola e no mundo, e também mensalmente cada igreja deveria realizar uma oferta de sacrifício para este projeto.


Sobre as igrejas locais, é necessário que as missões locais apresentem um modelo simples e econômico para que todas as igrejas sejam padronizadas. A maior parte das nossas igrejas que têm as obras paradas desenvolvem um projeto que não cabe aos seus bolsos, e a consequência é a de obras inacabadas em todo o país. Também seria bom que as missões tivessem uma equipe de construção responsável por apoiar as construções das igrejas, tal como acontece em certas missões no Brasil.


Outra questão de reflexão é o estado atual da nossa membresia. Somos críticos em tudo e quase não estamos dispostos a gastar e a nos deixar gastar por esta obra. William Anderson, não era angolano, perdeu a mulher em nossa terra e mesmo assim deu tudo por esta igreja. Os nossos pioneiros angolanos, não tinham carros, andavam quilômetros, tinham pouca escolaridade, graças aos seus esforços hoje somos o que somos. Hoje temos uma igreja estudada, muitos membros com recursos, além da sua crítica, o que têm feito por esta igreja? Quantas pessoas você tem estudado a Bíblia com ele, quantas você tem convidado para visitar as nossas congregações? Quem faz todos os dias as mesmas coisas, conta sempre a mesma história (Márcio Gerley).


Há uma necessidade de escrevermos a nossa história, para que com a igreja entendamos, de uma vez por todas, de onde viemos, onde estamos e para onde vamos.


Por fim, nestes 100 anos, podemos apresentar os mais de 2 milhões de fiéis batizados e não batizados, a Rádio Adventus, a Clínica de Odontologia de Luanda e os Centros de Influência em Luanda como os maiores ganhos de estruturas sociais da igreja.


Pedro Muenho- bacharel em Jornalismo, tecnólogo em Marketing e mestre em Direção de Recursos Humanos


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