Matoso Sapalalo, o coronel angolano que resgatou Mobutu Sese Seko



Valente Matoso Salumbo Sapalalo nasceu em 21 de Outubro de 1961, na Vila do Cubal, Província de Benguela, filho de Nunes Kacipui Sapalalo e Catarina Kassova Salumbo. A profissão do pai, como funcionário dos Caminhos de Ferro de Benguela (CFB), marcou a infância de Valente, que passou por diversas localidades enquanto completava o ensino primário e secundário em Cangonga (Moxico), Cutato, Kuito e na Missão Católica do Vouga, no Bié.


Em 1974, durante o período de transição política em Angola, Valente frequentava o 2.º ano do ensino secundário na Escola Preparatória de Silva Porto, quando os movimentos de libertação chegaram às cidades. Motivado por razões familiares, ingressou nas fileiras da UNITA e, durante o Governo de Transição, iniciou a recruta na base do Nhunha, em Kuito-Bié.

No dia 11 de Novembro de 1975, enquanto Angola celebrava a proclamação da independência, Valente integrava as estruturas de segurança do líder da UNITA, Dr. Jonas Savimbi. No entanto, no dia seguinte, sofreu um acidente que marcaria a sua vida: foi atingido no olho direito por uma arma de pressão de ar manipulada por um amigo, deixando-lhe sequelas permanentes.



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Com a intensificação da guerra de guerrilha em 1976, Valente juntou-se às bases da UNITA na Região Militar 89, no Bié, onde recebeu formação em telecomunicações, explosivos e inteligência. Em 1979, partiu para o Reino de Marrocos para integrar um grupo de cadetes. No mesmo ano, foi enviado ao Senegal, onde estudou francês e concluiu o ensino secundário, obtendo o Baccalaureat no Liceu Técnico Maurice Delafosse, em Dakar. Após uma operação ao olho em Paris, em 1985, prosseguiu estudos na Côte d’Ivoire, onde se formou em Engenharia Mecânica.

Após os Acordos de Bicesse, em 1991, foi designado para Luanda, assumindo o cargo de Director do Gabinete do Secretário-Geral da UNITA. Após os confrontos pós-eleitorais de 1992, esteve sob custódia do governo por um ano antes de se exilar na Côte d’Ivoire. Valente ocupou cargos diplomáticos relevantes, incluindo Representante Permanente da UNITA no Togo (1995-1999) e assistente no Secretariado dos Negócios Estrangeiros.


No início de 1997, quando Mobutu Sese Seko foi forçado a abandonar o poder, Matoso recebeu a incumbência de fretar um avião para transportar o ex-líder do Zaire ao Marrocos, em estado de saúde bastante debilitado. Além disso, desempenhou um papel fundamental no repatriamento, para Lomé, de armamento da UNITA adquirido no Leste Europeu e armazenado na RDC antes da queda de Mobutu.


Passou por bases como Lubia, onde se encontrou com António Dembo e Kamalata Numa, e por outras como Kwame Kruma, Sachineme e Chanji, permanecendo nesta última até abril de 2000. Posteriormente, seguiu para leste, integrando a coluna do General Dembo. A 14 de março de 2000, assistiu a um ataque das FAA contra a coluna, logo após o grupo ter celebrado o aniversário do partido no dia anterior. Pela coincidência da data, apelidou o ataque de “ressaca”, acreditando que as FAA lhes tinham permitido festejar o "13 de março" apenas para os atacar no dia seguinte.

Permaneceu ao lado do General Dembo durante novos ataques e, em 2001, integrou a subcoluna dos comandantes “Gito” Epalanga e Aniceto Paulo, enfrentando bombardeamentos na região de Cassamba, no Moxico. Apesar de resistir, foi atingido por conjuntivite e, após mais confrontos, foi capturado pelas FAA em outubro de 2001, na nascente do rio Luvunda, sendo transferido para Luanda.

Após o fim do conflito armado em 2002, passou à reforma com a patente de Coronel. Envolveu-se na vida civil, assumindo funções como vice-cônsul na República Democrática do Congo e outros cargos diplomáticos no Zimbabué e na Guiné-Bissau. Durante a sua missão na Guiné-Bissau, enfrentou complicações de saúde que exigiram tratamento em Lisboa, mas regressou ao trabalho até o fim da missão.

De volta a Angola, em 2024, o estado de saúde de Valente deteriorou-se rapidamente, culminando na sua morte em 17 de Março de 2025, vítima de neoplasia maligna do pâncreas em fase terminal. Deixou viúva e um legado de dedicação ao país, marcado pela luta pela independência e pela diplomacia.

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