Análise crítica sobre o conteúdo do pronunciamento do Presidente de Angola, João Lourenço, em relação aos protestos recentes no país



1. Onde o discurso peca

a) Minimização das causas sociais reais

O presidente evita abordar de forma clara e empática as causas profundas da crise: fome, desemprego em massa, aumento dos combustíveis, custo do táxi e a emigração forçada. Ele trata os protestos como meros atos de vandalismo, ignorando que foram motivados por necessidades básicas não atendidas.

b) Falta de responsabilização do Estado

Apesar de reconhecer que “há problemas sociais por resolver”, o discurso não assume responsabilidade direta. Fala em investimentos e obras, mas nada é dito sobre falhas de gestão, corrupção, ou incompetência institucional, que também contribuem para o desespero popular.


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c) Abordagem policial e repressiva

O presidente NÃO CONDENA a violência policial, mesmo com relatos de execuções sumárias incluindo o assassinato de uma mulher ao lado do seu filho. Ele agradece às “forças da ordem” sem mencionar excessos ou violações de direitos humanos, o que é grave. A palavra “luto” é usada, mas sem reconhecer o papel direto da polícia nos homicídios.

d) Uso de linguagem desumanizadora e divisionista

Ele chama os manifestantes de “cidadãos irresponsáveis manipulados”, acusando forças estrangeiras e organizações antipatriotas o que remete à retórica da Guerra Fria e foge da responsabilidade. Essa abordagem desumaniza a dor popular e tenta transformar o povo faminto em inimigo da nação.

e) Ausência de diálogo e autocrítica

Não há convite ao diálogo com a sociedade civil, sindicatos ou movimentos sociais. O governo aparece apenas como executor da ordem, e não como parte disposta a ouvir e corrigir-se. Isso aumenta o clima de tensão.

2. Mensagem subliminar (implícita)

a) “Quem protestar será tratado como criminoso” 

Ao criminalizar os protestos e chamar os líderes de “orquestradores derrotados”, o presidente manda um aviso claro de intimidação futura. A ênfase em “melhores formas de reagir em caso de reincidência” sugere endurecimento da repressão.

b) “Só o governo é legítimo” 

Ao descartar o papel das redes sociais, das plataformas digitais e movimentos espontâneos, a mensagem implícita é que só o discurso oficial é confiável. Isso ameaça a liberdade de expressão.

C) “A culpa é do povo e das redes sociais” 

Ao responsabilizar a educação, as famílias e as redes sociais, o presidente tira o foco de seu próprio governo. A ideia é dizer: “o povo se comporta mal porque não foi bem educado” culpabilização da vítima.

3. O discurso é bom ou mau?

O discurso é MAU!

Apesar de aparentar institucionalidade e equilíbrio superficial, o conteúdo revela um desconhecimento profundo do sofrimento popular, falta de empatia com os mortos, e uma postura autoritária disfarçada de ordem e progresso. Ao ignorar as causas reais da crise e tratar o povo revoltado como inimigo, o governo mostra distanciamento, insensibilidade e ameaça ao direito democrático de protestar.


Por: Mc Diamondog 

Antropólogo e jornalista


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