«MUZONGUÉ» PERDE «TRADIÇÃO»- SALAS NETO

 


A última edição do «muzungué da tradição», evento de resgate e promoção da nossa música popular urbana, sob responsabilidade  do CCR Kilamba, que teve o puto Yuri da Cunha como cabeça de cartaz, naquele domingo (05), terá sido realizada numa matriz revolucionária, diferente das experimentadas ao longo dos mais de 20 anos que já leva de história, embora não haja paz total em relação ao seu «ineditismo».

Por exemplo, enquanto eu, jornalista-em-chefe, o único que o acompanha desde a primeira hora, modéstia à parte, considere que o modelo «sembista da nova geração + banda» já terá sido ensaiado antes do «Yuri da Cunha com os Jovens do Prenda», quando, ainda este ano mesmo,  as Gingas do Maculusso contracenaram com a Banda Movimento, o KB Gala, o outro crítico de serviço, tem agora entendimento não semelhante, enfocando-se apenas naquele casamento para sustentar o pionerismo que advogava num primeiro momento mais genericamente.



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Seja como for, lá tivemos então pela primeira vez na história do país o «Yuri da Cunha com os Jovens do Prenda», a contar para o «muzongué da tradição» do CCR Kilamba, casa administrada pelo meu amigo Estêvão Costa, que se vê agora forçado a inovar, em razão da exiguidade de opções que o mercado lhe oferece.

É só notar que, para o formato do «muzongué da tradição», ele tenha apenas que escolher entre a Banda Movimento, os Kiezos e os Jovens do Prenda. Nestes anos todos, entre os poucos grupos consagrados que fazem semba, tem estado de fora manifestamente a Banda Maravilha, não sei porquê.

Espero bem que, para fintar também os efeitos da crise económica, que ataca tudo e todos,  ele nunca venha a ser forçado a recorrer um dia ao Gerilson Israel ou à Jessica Pitbull para viabilizar o certame. Aí seria o fim do «muzongué».

Ora, apesar do Miguel Neto andar aí a sabular que, bem computado, o Yuri da Cunha, no fundo, não será lá grande coisa, por viver essencialmente de canções alheias, o rapaz continua tendo milhares de fanáticos atrás de si, alguns até com propensão para darem a vida pela causa do «ou nos matam ou quê», como o meu amigo José Pedro Benje.

Foi em razão desse seu «messianismo» que o «Kilamba» quase rebentava pelas costuras, diante da extraordinária demanda que o acto registou, com uma assistência muito diversificada, incluindo um montão de miúdos que noutros tempos seria coado, além de trinta e tais turistas estrangeiras apreciadoras da dança kizomba, vindas a Luanda para o show do Yuri. O Yu Pop atirou-se  a algumas, depois dum pedido do Dom Caetano nesse sentido, já que elas queriam ser sembadas por machos angolanos.

Até a Belita do 15 e a Anita do Smith, que nunca haviam surgido em algum «muzongué», também lá foram enfeitar-se. A Isabel Orlando, hoje reformada das Finanças, escapou ser a minha primeira garina e eu o seu «autor» em 1978, o que só não aconteceu por grande burrice minha, já que a miúda estava completamente perdida pelo meu manequim, que tremia toda quando eu me chegasse a ela.

Mas também houve algum azar: no dia que contava cangá-la, num casamento na TextangII, quando estivesse a dançar um slow do Percy Slede com ela, como havia programado, os meus planos acabaram gorados, por uma pemba da família da noiva ter neutralizado o equipamento de som da parentela do noivo, que havia substituído pouco antes a sua aparelhagem desengonçada, o que deixou a festa sem música desde as 21 horas.

Ainda por cima, não comemos nem bebemos nada, sendo que tivemos de sofrer até de manhã, através do recolher obrigatório que então vigorava.

Bom, é assim: se o «muzongué» do Yuri foi um estrondoso sucesso de bilheteria, o mesmo não se pode dizer em relação aos resultados artísticos, que seriam miseráveis, noves fora a parte em que os Jovens do Prenda bem actuaram sem ele.

Além de ter falhado «kimbundualmente» na maioria das canções alheias que apresentou, em mais de 90 por cento do seu guião, o que parece dar alguma razão ao Miguel Neto, ele acabou matando a farra em diversas ocasiões, numa delas por quase 20 minutos, com apoio da sua comadre Ary, devido ao seu mau hábito de falar demais quando é hora de calar que não quer largar, apesar dos conselhos em sentido contrário que já lhe venho dando, afinal, há uns dez anos.

Ou então, se calhar, o rapaz nada lê, nem tem na staff quem o faça por ele. Só pode.


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